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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Família de Eloá processa Estado por falhas da polícia



A família de Eloá Pimentel entrou com um processo de indenização por dano moral contra o Estado de São Paulo ao considerar que houve negligência por parte da polícia na ação que ocorreu em 2008, em Santo André. Eloá foi mantida em cárcere privado e morta pelo ex-namorado Lindemberg Alves condenado a 98 anos e dez meses de prisão na última semana.

“A polícia poderia ter agido com cautela para que não ocorresse o que ocorreu [morte de Eloá]. É inconcebível que a nossa polícia use copo na parede para ouvir o que está acontecendo em um cativeiro”, argumentou o advogado da família Ademar Gomes.

O valor da ação não foi divulgado por Gomes, que alegou que isso poderia colocar em risco a segurança de seus clientes. A família da vítima entrou com uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo em setembro de 2011. Segundo o TJ, a última atualização do caso é do dia 16 deste mês, quando foi informado que o processo aguarda uma decisão do juiz. A família vai manter a ação mesmo após o júri ter condenado Lindemberg Alves.

Já a família de Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que também foi mantida refém, analisa se vai entrar com um processo contra o Estado. “Até hoje não foi dada entrada em nenhuma ação, mas é uma possibilidade”, afirmou o advogado Marcelo Augusto de Oliveira, após o término do julgamento de Lindemberg Alves, na quinta-feira (16).

A ação da polícia durante as mais de cem horas do cárcere privado e no desfecho do caso, com a invasão do apartamento, ainda é questionada por especialistas e foi uma das questões abordadas durante o Tribunal do Júri que julgou Lindemberg.

Carlo Frederico Müller, advogado especialista nas áreas Cível e Penal, considera que houve falhas no trabalho policial. “A polícia errou do começo ao fim. Primeiro porque não fechou [imediatamente] o espaço aéreo e não impediu a aproximação de imprensa e populares, o que tornou o espetáculo muito maior e o clima ainda mais tenso. Além disso, não lembro de nenhum outro caso na história mundial onde o refém voltou para o cárcere. E essa mesma pessoa [Nayara], levou um tiro na cara.”

Müller também crítica a forma como ocorreu a invasão ao apartamento de Eloá. “Nunca vi a polícia invadir de escada, se pode descer de rapel. O que vimos foram policiais agarrados em uma escada, levando minutos para entrar no prédio. Segundo a vítima [Nayara] a invasão ocorreu mesmo sem ter havido um disparo antes e levou de 15 a 30 segundos para conseguir entrar pela porta. Temos ótimos policiais, mas parece que em casos de grande repercussão, eles esquecem as normas de procedimentos que se ensinam na Academia e dos cursos internacionais que fazem”, explicou.

Outro lado

Durante o julgamento, o capitão do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) Adriano Giovanini, que fazia as negociações com Lindemberg, afirmou que a invasão ao apartamento foi motivada pelo barulho de um disparo e por frases ditas pelo jovem. Segundo o capitão, Lindemberg dizia coisas em tons de despedida como “pode ir embora [para o policial] não quero que você seja responsabilizado pelo que vai acontecer”.

Além disso, Giovanini contou que o primeiro dos cinco homens que entraram no apartamento estava com uma arma calibre 12 com bala de borracha. Os demais policiais estavam com pistolas .40, mas não dispararam, segundo o capitão.

Sobre o retorno de Nayara ao cativeiro, Giovanini explicou que a polícia nunca planejou o retorno da menina e que essa foi uma exigência de Lindemberg para ele liberar Eloá. “Nayara e Douglas [irmão de Eloá] foram orientados a parar em um local onde a polícia poderia agir, mas ela entrou no apartamento.”

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