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domingo, 19 de setembro de 2010

Culpados devem ser 'drasticamente' punidos, diz Dilma sobre denúncias

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse neste sábado (19), em Campinas, que nunca abrigou ou tomou conhecimento da ocorrência de atos ilegais na Casa Civil no período em que ocupou a pasta, de junho de 2005 a março de 2010.
Reportagem da revista “Veja” deste final de semana afirma que houve pagamento de propina em licitação para a compra do remédio Tamiflu – usado no tratamento da gripe H1N1 – e a liberação de uma concessão ao marido da ex-ministra Erenice Guerra para operar no mercado de telefonia celular em São Paulo.
Segundo a revista, funcionários da Casa Civil teriam recebido pacotes de dinheiro, contendo R$ 200 mil, supostamente pela intermediação de um contrato de R$ 34,7 milhões para a compra emergencial do medicamento.
Já a concessão ao marido de Erenice teria saído por influência da ex-ministra.
Entenda o caso da suspeita de tráfico de influência na Casa Civil
"Eu não tive acesso ainda a essa reportagem [de 'Veja´], mas tenho uma posição muito clara quanto a isso. Todas as denúncias têm de ser rigorosamente apuradas e investigadas. Acredito que as pessoas culpadas têm de ser drasticamente punidas", afirmou Dilma. "Eu tenho um histórico de vida pública. Jamais permiti, jamais abriguei práticas ilegais nas minhas proximidades. Não faria isso também na minha campanha."
Eu não tive acesso ainda a essa reportagem, mas eu tenho uma posição muito clara quanto a isso. Todas as denúncias têm de ser rigorosamente apuradas e investigadas. Acredito que as pessoas culpadas têm de ser drasticamente punidas"
Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência
A revista afirma que a empresa Unicel, dirigida pelo marido de Erenice, o engenheiro elétrico José Roberto Camargo Campos, teria conseguido, em 2005, concessão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para operar telefonia celular em São Paulo.
A decisão de incluir a empresa no mercado, segundo a reportagem, teria sido tomada pelo presidente da Anatel, Elifas Gurgel, e contestada por técnicos da agência por suposta falta de capacidade técnica da empresa de Campos para atuar no mercado.
A revista afirma Erenice fez pressão para que técnicos da Anatel modificassem pareceres e aprovassem a empresa do marido e de ter usado sua influência para reduzir a taxa de entrada cobrada nos contratos de concessão de 10% para 1% . Ainda de acordo com a publicação, o negócio teria como alvo o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
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Erenice e filhos
A reportagem descreve o que seria um “balcão de negócios” na Casa Civil, com contratos sem licitação envolvendo parentes da ministra. Segundo a revista, Israel Guerra, filho de Erenice, teria cobrado R$ 40 mil de propina do piloto de motocross Flávio Corsini, de Brasília, em troca da liberação de patrocínio de R$ 200 mil com a Eletrobras.
“Não tinha nenhum filho da Erenice na Casa Civil, o que tinha eram amigos. Se esses amigos cometeram delitos, eu lamento a indicação deles, lamento profundamente”, afirmou Dilma. O filho de Erenice Israel Guerra é suspeito de intermediar contratos entre empresas e o governo.
Não tinha nenhum filho da Erenice na Casa Civil, o que tinha eram amigos. Se esses amigos cometeram delitos, eu lamento a indicação deles, lamento profundamente"
Dilma Rousseff
Dar credibilidade à consultor é 'estarrecedor', diz Dilma
De maneira genérica, Dilma criticou a imprensa por divulgar denúncias do consultor Rubnei Quícoli, que apontou cobrança de propina e tráfico de influência na Casa Civil. "Acho estarrecedor que se dê credibilidade [às denúncias] a uma pessoa com aquele currículo."
Quícoli já foi processado por crimes como uso de dinheiro falso, coação e receptação, e passou dez meses preso por desobediência a ordem judicial.
A candidata do PT disse, porém, que não faria pré-julgamento da ex-assessora. “A ex-ministra Erenice trabalhou comigo, e enquanto trabalhou comigo demonstrou muita capacidade, muita competência e muita idoneidade.”
Dilma disse ter recebido telefonema de Erenice na quinta-feira (16), dia em a ex-ministra anunciou sua saída do cargo. “Ela me avisou que ia pedir demissão. Falei que ficava a cargo dela, era problema de avaliação e de critério dela. Ela que soubesse a medida mais correta para tomar”, afirmou a candidata do PT à Presidência.
Outros lados
A Casa Civil informou, por meio de sua assessoria, que todas as denúncias veiculadas pela imprensa serão enviadas ao Ministério da Justiça para serem apuradas no âmbito da investigação já iniciada pela Polícia Federal.
Além disso, a Casa Civil afirmou que vai encaminhar a reportagem, caso haja indício de envolvimento de servidores da pasta na nova denúncia, à Comissão de Sindicância criada na sexta-feira (17) para apurar outros relatos recentes de supostas irregularidades no ministério.
O G1 procurou também as assessorias da Eletrobras e da Anatel e aguarda resposta. O advogado de Israel Guerra, Eduardo Ferrão, afirmou que ainda não tinha conhecimento das novas denúncias. A ex-ministra e o marido não foram localizados pela reportagem.
Encontro com Del Toro
Dilma participa nesta tarde de comício em Campinas, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mais cedo, a candidata do PT tomou café da manhão com o ator porto-riquenho Benicio Del Toro, que interpretou Che Guevara no cinema.
A candidata do PT afirmou que o ator se mostrou interessado pela campanha eleitoral no Brasil e que eles conversaram sobre a América Latina e caribenha. “Ele estava muito interessado na eleição. Parece que ele vai ao comício. Acho que vai ser interessante. No Brasil, nós mostramos para ele que nós somos os únicos que fazem comício neste país”, disse.

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