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quarta-feira, 2 de junho de 2010

ONU pede investigação sobre ataque israelense à frota de ajuda a Gaza

Depois de deliberar até tarde da noite, o Conselho de Segurança da ONU emitiu uma declaração na madrugada de terça-feira, hora de Brasília, condenando o que chamou de atos que resultaram na perda de pelo menos nove vidas durante o ataque israelense a frota de navios que transportava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. O Conselho de Segurança pede que o ataque seja investigado imediatamente, "de maneira imparcial, crível e transparente".

Segundo a correspondente da BBC na ONU, Barbara Plett, a linguagem da declaração é menos contundente do que a do rascunho original, que condenava as forças israelenses diretamente e pedia uma investigação internacional. A declaração foi resultado de um compromisso entre os Estados Unidos e a Turquia depois de várias horas de intensas negociações, disse Plett.

A Turquia, que é membro não-permanente do Conselho de Segurança, vinha chamando a ação israelense de ato de agressão. Os Estados Unidos, aliados próximos de Israel, pressionaram para que a linguagem do documento final fosse bem mais branda.

Pelo menos nove ativistas pró-palestinos, entre eles vários turcos, foram mortos quando soldados israelenses atacaram os navios em águas internacionais, na manhã de segunda-feira, hora local. Cerca de 700 ativistas viajavam nos seis navios.

Troca de acusações

Antes da reunião, o ministro do Exterior turco, Ahmet Davutoglu, disse que se tratava de "assassinato conduzido por um Estado" "Em termos simples, isso se assemelha a bandidagem e pirataria", afirmou Davutoglu antes da reunião.

Segundo o correspondente da BBC em Jerusalém Jeremy Bowen, a Turquia foi aliada próxima de Israel - e a influência de Ancara no Oriente Médio e seu apoio eram importantes para Tel Aviv.

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O governo de Israel disse que as tropas israelenses agiram em defesa própria, depois de serem atacadas, acusações negadas pelos ativistas. "Esta frota era qualquer coisa, menos uma missão humanitária", disse o vice-embaixador de Israel na ONU Daniel Carmon.

Segundo ele, os ativistas usaram "facas, barras de metal e outras armas" para atacar os soldados que abordaram o barco que liderava a missão, o Mavi Marmara. Os ativistas insistem que os soldados abriram fogo sem qualquer provocação.

Mais de 30 ativistas feridos no ataque foram levados para hospitais israelenses. Os seis navios da frota, interceptados pelas tropas israelenses, foram levados ao porto israelense de Ashdod.

Cerca de 600 outros ativistas foram detidos em uma prisão no sul de Israel e cerca de 50 deles, inclusive um ex-diplomata americano, já concordaram em ser deportados.

Ainda não se sabe qual será o destino das cerca de 10 mil toneladas de ajuda humanitária - que incluíam cimento, cadeiras de roda, papel e sistemas de purificação de água - transportada pelos navios, que tentavam furar o bloqueio imposto à Gaza por Israel há três anos.

Israel afirmou que vai entregar o material a Gaza, por terra, depois de confiscar os itens proibidos.

Acredita-se que a maioria dos ativistas a bordo dos navios - que partiram do Chipre no domingo à noite e esperavam chegar a Gaza na segunda-feira - era turca.

Protestos

Em várias cidades do mundo, houve protestos contra a ação israelense e diversos governos - inclusive o do Brasil - convocaram seus embaixadores israelenses pedindo explicações e expressando indignação.

Além de turcos, havia, nos barcos, americanos, australianos, britânicos, gregos, canadenses, belgas, irlandeses, dois parlamentares alemães e a cineasta brasileira Iara Lee.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou o que chamou de "massacre" israelense e declarou três dias de luto na Cisjordânia. A Liga Árabe convocou uma reunião de emergência para esta terça-feira e a Jordânia e o Egito - os dois países árabes que mantêm acordos de paz com Israel - condenaram duramente a violência.

Segundo Jeremy Bowen, da BBC em Jerusalém, não se tratou apenas de um incidente no mar, por mais sério que ele tivesse sido, mas sim, de um padrão de violência e comportamento desproporcionais, com Israel seguindo suas próprias regras e não a legislação internacional, afirma Bowen.

O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse à BBC que Israel não quer prejudicar civis inocentes, mas que tem que combater o grupo militante Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Israel impôs o bloqueio à Gaza em 2007, depois que o Hamas assumiu o poder na região.

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