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sábado, 26 de junho de 2010

Setor calçadista coloca Franca em 1ª na criação de vagas fora das capitais

"O emprego em Franca está bombando". A frase de Leonel Alves, de 40 anos, supervisor da produção de uma indústria de calçados em Franca, no interior de São Paulo, resume a percepção de autoridades, empresários e trabalhadores locais.
Os dados do governo federal comprovam o bom momento: sem considerar as capitais, a cidade teve a maior criação de vagas com carteira assinada desde o começo do ano. A explicação para o "fenômeno", diz a prefeitura, é a retomada do setor calçadista, que volta a crescer em 2010, na esteira do desempenho geral da economia brasileira e da restrição oficial à entrada de calçados chineses no Brasil.
RANKING DAS 20 CIDADES QUE MAIS GERARAM VAGAS DE JANEIRO A MAIO
Cidade Saldo de vagas
São Paulo (SP) 119.306

Rio de Janeiro (RJ) 39.319

Belo Horizonte (MG) 31.166

Curitiba (PR) 22.530

Brasília (DF) 19.826

Fortaleza (CE) 17.052

Salvador (BA) 14.217

Recife (PE) 13.846

Goiânia (GO) 13.438

Porto Alegre (RS) 12.646

Franca (SP)
11.950

Porto Velho (RO) 10.782

Guarulhos (SP) 10.708

Manaus (AM) 10.514

Caxias do Sul (RS) 9.359

Joinville (SC) 8.807

Campinas (SP) 8.777

Santa Cruz do Sul (SP) 8.000

Blumenau (SC) 7.632

Piracicaba (SP) 7.382

Fonte: Caged / Ministério do Trabalho
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que a cidade de Franca foi a 11ª do país em criação de empregos formais entre janeiro e maio, ficando atrás apenas das capitais de mais peso econômico no Brasil. O saldo de vagas em Franca foi de 11.950, mais do que outras grandes cidades do estado de São Paulo, como Guarulhos e Campinas. Em todo o país, a criação de vagas formais bateu recorde em todos os meses de 2010.
O G1 visitou a cidade de Franca nesta semana. O município, de 330 mil habitantes conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), começou a começou a diversificar sua economia nos últimos cinco anos, com a instalação recente de grandes redes de varejo, mas ainda é dependente do setor calçadista – 70% da arrecadação provém das fabricantes de sapatos e outras empresas da cadeia.
O setor emprega quase 27 mil pessoas na cidade, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Franca, o Sindicato dos Sapateiros. Para o presidente da entidade, Sebastião Ronaldo de Oliveira, "nunca o setor teve alta no emprego em Franca como está tendo agora".
Um dos trabalhadores beneficiados pela retomada do setor calçadista é o supervisor Leonel Alves, que cuida de 50 funcionários do setor de pranchamento (o "retoque final" do calçado") de uma fábrica de Franca. Ele trabalha há 28 anos com calçados e diz que esse é um dos melhores momentos de que se lembra.
"Comecei a trabalhar nesta empresa há duas semanas. Deixei currículo e no mesmo dia me chamaram para trabalhar. Desde que entrei aqui, já tive duas propostas de emprego", conta Alves.
Também recém-contratada do setor calçadista, a bordadeira Orilene de Cássia, 32 anos, diz a vida mudou bastante por conta do bom momento na cidade. Há dois meses trabalha com registro em carteira e benefícios. Além disso, desde o começo do ano, o marido que estava desempregado, também conseguiu emprego em uma indústria de borracha, que faz solas de sapato.
"Estava trabalhando há algum tempo sem registro em uma banca perto de casa. Fui em uma agência de empregos e eles me encaminharam para a empresa", disse Orilene na porta da fábrica, quando esperava seu horário de almoço.

Acima, Orilene de Cássia, que conseguiu emprego
com carteira assinada após ficar na informalidade;
abaixo, os colegas Luiz Fernando Silva, Luiz
Fernando Oliveira, Paulo Pádua e Joacir Dimas na
porta da fábrica: os três primeiros foram contratados
este ano.
Em outra fábrica visitada pelo G1, quatro homens conversavam no horário de almoço. Deles, três foram contratados neste ano após um período trabalhando com bicos. Todos tinham histórias de amigos que conseguiram voltar ao mercado neste ano.
"Tem bastante emprego, só não trabalha quem não quer. Mas eles querem gente com experiência", disse o operário Paulo Pádua. "Inclusive tem fábrica dando R$ 50 para quem indicar gente que tem qualificação", completou.
Luísa da Silva Ferreira, de 27 anos, sempre trabalhou na indústria de calçados e começou a trabalhar há um mês após um período desempregada. O marido voltou ao mercado formal após oito meses desempregado e a irmã, após um ano sem emprego. Todos no setor calçadista. "Tá mais fácil conseguir emprego para quem tem experiência."
Bruno Maxuel, 21 anos, concorda: "Mandei currículo num dia e me chamaram no outro. Mas só está fácil para quem conhece o serviço. Eu trabalho desde os 17 anos nessa área."

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