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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Lula: crítico de acordo com Irã quer inimigo para fazer política

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu nesta quarta-feira as críticas de potências ao acordo nuclear fechado por Brasil e Turquia com o Irã, dizendo que há no mundo quem precise manter inimigos para fazer política.

Horas depois de os três países fecharem na semana passada um acordo para a troca de urânio pela República Islâmica por combustível nuclear já pronto para uso pacífico, integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmaram estar prontos para a adoção de novas sanções contra o país persa.

Lideradas pelos Estados Unidos, potências ocidentais acusam o Irã de tentar construir armas nucleares. O governo de Mahmoud Ahmadinejad, no entanto, afirma que o programa nuclear de seu país tem fins pacíficos. O Brasil também detém um programa nuclear, mas conta em sua Constituição com um veto à fabricação de armas atômicas.

"Fizemos um acordo que eu achava que os países que queriam levar o Irã para a mesa (de negociações) iam ficar felizes. Eis que eles não queriam, porque no mundo tem gente que não sabe fazer política sem um inimigo", discursou Lula durante a 4a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

"Primeiro, é preciso criar um inimigo. Esse inimigo tem que ser ruim, embora possa não ser. Mas você tem que fazê-lo ruim, a cara tem que ser feia e nós temos então que demonizá-lo", acrescentou.

O presidente lembrou que o acordo alcançado fora proposto em outubro pela Agência Internacional de Energia Atômica da ONU ao Irã e defendido pelas potências ocidentais, mas que não havia sido fechado porque não existia "confiança" entre as partes.

Lula também criticou os comentários de que o Brasil não teria condições ou não deveria se intrometer em um grande tema da agenda global. "Vocês viram que absurdo primeiro as pessoas torcendo para não dar certo?", questionou Lula a uma plateia predominantemente de cientistas.

POLÍTICA DOMÉSTICA

Lula afirmou ainda que os interesses eleitorais não farão com que o governo deixe de aumentar os recursos para ciência e tecnologia no Orçamento de 2011 a fim de direcionar mais dinheiro para outras áreas. Ele voltou ainda a defender que o país exporte produtos de maior valor agregado.

Ele também aproveitou para ironizar a oposição e órgãos de fiscalização como o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (TCU). Após receber uma luneta de presente, disse que eles poderiam querer iniciar investigações e CPIs que parariam o país.

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