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terça-feira, 30 de março de 2010

Ainda há risco de fim de mundo, diz oponente do LHC

As colisões de partículas no Grande Colisor de Hádrons (conhecido pela sigla LHC) aconteceram, e não surgiu nenhum buraco negro que engolisse Genebra, a Suíça, a Europa e depois o planeta. Mas isso não quer dizer que o mundo esteja livre do perigo, alerta o físico americano Walter Wagner, um dos oponentes ao experimento.

Em março de 2008, Wagner tentou judicialmente adiar o início das operações do acelerador de partículas, alegando falhas na documentação que atesta a segurança do complexo. O pedido foi indeferido pela Justiça do Havaí (onde Wagner morava na ocasião), já que a participação dos Estados Unidos no LHC não seria suficiente para haver jurisdição do país no projeto. O caso agora aguarda apelação.

“Mesmo agora não podemos presumir que está tudo bem. Não sabemos ainda os resultados, vai demorar algum tempo até os dados serem analisados e divulgados,” ponderou em entrevista ao iG. “O objetivo do LHC é criar partículas que nunca foram detectadas, que só existem em teoria. Isso pode ter perigos reais,” acredita Wagner, que dá aulas de Ciências e Matemática em escolas secundárias em Utah, onde vive atualmente.

Wagner cita um estudo grego que mostra que os micro buracos negros na verdade não se formariam a velocidades abaixo de 8 TeV (Tera Eletron-volts) – as velocidades alcançadas hoje de manhã (30) no colisor foram de 7 TeV. Segundo essa lógica, o perigo estaria quando o acelerador chegar à sua velocidade máxima de 14 TeV, o que não acontecerá tão cedo, já que o LHC deve funcionar ininterruptamente a 7 TeV por até dois anos, sofrer uma parada técnica de alguns meses, e só depois disso a operação retorna com a meta de chegar aos 14 TeV.

Agora ele desvia sua atenção para as partículas quark, cujas experiências começam em alguns meses. “Elas vão acontecer em um volume bem maior que a colisão de prótons, e só temos teorias do que pode acontecer”. Enquanto isso, espera o resultado de sua apelação e prepara um artigo analisando os problemas de segurança do LHC, que espera publicar em uma revista científica de peso.

Complicações judiciais
Eric E. Johnson, professor de Direito da Universidade de North Dakota, também apareceu no noticiário científico recentemente ao publicar um estudo sobre as implicações jurídicas do LHC. Nele, considera as dificuldades de processar o CERN, e como um júri leigo poderia avaliar a segurança do projeto.

As poucas tentativas de se levar o projeto à Justiça por falta de segurança, em diferentes países, esbarraram na questão da jurisdição (o LHC fica numa região fronteiriça entre França e Suíça, e tem imunidade legal) e da insuficiência de fundamentos científicos para a interrupção de suas atividades.

Ao iG, afirmou não estar pessoalmente preocupado com as atividades do acelerador de partículas. “Acho que não é o caso de entrarmos em pânico. Mas defendo o direito de cidadãos preocupados com sua segurança poderem questionar judicialmente o CERN e receberem as respostas que procuram.”

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