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quarta-feira, 31 de março de 2010

Em discurso de despedida, Serra diz ter orgulho do que fez e do que ainda fará

Num discurso que durou 56 minutos, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), despediu-se do cargo nesta quarta-feira fazendo um contraponto com a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem tentará suceder na Presidência.

Sem citar explicitamente o governo federal, o PT ou mesmo o presidente Lula – e se referindo apenas à oposição local no Estado – Serra disse que na sua administração não se cultiva a corrupção nem o silêncio da cumplicidade, não se busca rapidamente protagonismo sem substância “que alimenta mitologias”, nem se busca mais os holofotes. O jargão mais usado durante sua fala foi que “o governo, como as pessoas, tem obrigações”.

O tucano começou o discurso dizendo que não faria um balanço “abrangente e detalhado” de seus três anos e quatro meses à frente do Estado, “pois o governo de São Paulo ainda não terminou”. Disse que “valores, princípios e critérios orientaram os últimos 39 meses” no cargo.

O tucano disse ter aversão à tese de "dividir para governar" e afirmou que seu governo era popular.


"Me orgulho do que fizemos"

A primeira frase dele em relação à sua administração foi: “me orgulho do que fizemos, do que estamos fazendo e do que ainda faremos”.
Na sequência, complementou: “o governo, como as pessoas, tem que ter caráter e índole. Não sei deixar pautar por mesquinharia”.

"O lema do nosso Estado é pelo Brasil façam-se grandes coisas. É o papel, o destino de São Paulo", afirmou.

“Dizem que o estilo faz o homem”, prosseguiu. “Eu sou sério, mas não sisudo. Monitor, mas não centralizador. Otimista, mas não leviano”.
Serra afirmou que o governo “precisa ter responsabilidade com a felicidade das pessoas”.

"Que ninguém confunda minha confiança com fraqueza", pediu.

No discurso, Serra afirmou que sua gestão diminuiu a carga tributária individual, desonerou setores-chaves na economia e conseguiu triplicar os investimentos públicos.

“Vamos investir R$ 64 bilhões até o final deste ano. Sem compromissos com o espetáculo”, disse, em referência indireta ao presidente Lula, que, em seu governo, disse que o País assistiria a um “espetáculo do crescimento”.

"Estado para funcionar"

Ele citou realizações nas áreas da saúde, educação, segurança pública, pesquisas, obras viárias, destacou leis como a lei climática de São Paulo e inovações como a Nota Fiscal Paulista. “Botamos o Estado pra funcionar”, disse.

"Vou ingressar nesta nova etapa com muita disposição, força, confiança e trabalho", disse.

Sem citar o governo federal, mas seguindo com críticas indiretas ao governo Lula, Serra disse que o ingrediente fundamental do governo é a relação com os Poderes. Ele exaltou a relação com os órgãos fiscalizadores e com o Poder Legislativo. “Tivemos uma relação de respeito com o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas e o Ministério Público”.

Disse que nunca olhou para cores partidárias. “Nunca exerci a política do ódio. Jamais estimulei o conflito gratuito. Ao eventual ódio, reajo com serenidade de quem tem São Paulo e o Brasil no coração”. No mesmo dia em que a ex-ministra Dilma Rousseff, sua adversária na disputa pela Presidência, criticou os que ela classificou como "viúvos do Brasil que crescia pouco" e manifestantes e sindicalistas ligados aos servidores estaduais foram às ruas em protesto contra seu governo, Serra se referiu aos opositores como “falanges de ódio”. “Nunca me dei às frivolidades das bravatas”, disse.

No final, sem falar explicitamente que estava se candidatando a presidente, Serra, ter "obsessão em servir aos interesses do meu Estado e do meu País", terminou o discurso sob aplausos de cerca de 1.300 pessoas presentes no salão. “Vamos juntos, o Brasil pode mais”, finalizou.

Na sequência, foi para a sacada do Palácio dos Bandeirantes agradecer a presença de cerca de 2.000 miltantes políticos arregimentados pelo PSDB em todo o Estado, que ficaram do lado de fora do palácio.

O evento contou com a presença de todos os secretários, prefeitos tucanos de São Paulo e os senadores Kátia Abreu (DEM-TO), Álvaro Dias (PSDB-PR), Marisa Serrano (PSDB-MS), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Flávio Arns (PSDB-PR), Cícero Lucena (PSDB-PB), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), além de deputados federais, estaduais, o prefeito Gilberto Kassab (DEM), o ex-governador paulista Orestes Quércia (PMDB) e o presidente de DEM, Rodrigo Maia.

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