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terça-feira, 9 de março de 2010

Pressão dos EUA ao Irã sobre questão nuclear pode acabar em guerra, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as sanções propostas pelos Estados Unidos contra o Irã devido ao seu programa nuclear podem resultar em uma guerra. Em entrevista à Associated Press nesta terça-feira (9), Lula afirmou que vai se esforçar pessoalmente para evitar um conflito. Sua intenção, disse, reflete o crescimento da influência do Brasil no cenário internacional.

Segundo o presidente, sanções provavelmente levariam o Irã a se retirar da mesa de negociações. Isso, de acordo com ele, poderia culminar em guerra. “Nós não queremos que se repita no Irã o que houve no Iraque. Isso não é prudente para o Irã, não é prudente para o mundo”, declarou, uma semana depois de rejeitar o apelo da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para que o Brasil apoiasse novas sanções contra o país (veja vídeo acima).

Nós não queremos que se repita no Irã o que houve no Iraque. Isso não é prudente para o Irã, não é prudente para o mundo"
Na entrevista à AP, Lula é descrito como um dos mais populares líderes no Brasil e no exterior, tendo conseguido manter relações amistosas com o ex-presidente George Bush e o atual, Barack Obama, ao mesmo tempo em que mantinha boas relações com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, dois dos maiores críticos dos Estados Unidos.

O Irã acelerou sue programa nuclear apesar das sanções impostas pelos Estados Unidos. Agora, os Estados Unidos e países aliados dos norte-americanos defendem a ideia de que uma nova demonstração de oposição da comunidade internacional finalmente levaria o país a negociar.

Lula disse que vai tentar convencer o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de restabelecer negociações para diminuir a tensão sobre o programa nuclear do país. Ahmadinejad se encontrou com Lula no ano passado no Brasil, numa visita que incomodou os Estados Unidos. “Eu já disse a eles que uma guerra deve ser evitada a todo custo”, disse. “A quem interessa uma guerra?”

Lula liderou o maior país da América Latina a uma posição de crescente influência internacional, baseada em parte a um aumento da importância econômica do país. Poucos países conseguiram sair tão rápido da recessão global quanto o Brasil, que ainda anunciou a descoberta de vastas áreas de exploração de petróleo, com a camada do pré-sal, segundo reportagem da AP.

Divisão de poder
Lula afirmou que o impasse em relação ao Irã e o complicado processo de paz no Oriente Médio são uma prova de que as potencias mundiais não são capazes de resolver os problemas por conta própria, diz a AP. “Quem decidiu que Estados Unidos, França, Inglaterra, China e Rússia representam as aspirações coletivas do nosso planeta, a nova geopolítica, a nova ordem global –com nações que eram pobres ontem, mas que hoje estão no meio de um processo de extraordinário crescimento econômico?”, indagou Lula, que faz campanha por um assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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O presidente afirmou que o Brasil tem "autoridade moral e política para discutir o assunto" da questão nuclear iraniana, porque o Brasil tem compromisso com o uso pacífico de energia nuclear. “Nós falamos sobre paz aqui, não guerra”, afirmou. “Nós estamos tentando demonstrar para os outros que a hora é de conversar. Isso não é hora para embargo, para sanções. É hora para nós conversarmos um pouco mais.”

Mas Lula indicou que o Brasil pode mudar sua posição. "Se o presidente do Irã não concordar com o Brasil, nós vamos tomar nossas decisões baseados no que nós discutimos”, afirmou. Ele criticou os repetidos questionamentos de Ahmadinejad sobre a ocorrência do Holocausto e sua defesa pela destruição de Israel, embora tenha ressalvado que as tensões políticas são a razão para as declarações inflamadas.

“É impossível imaginar alguém dizendo que não houve o holocausto ou aceitar alguém dizendo que vai varrer outro país do mapa”, disse. “Todas essas coisas vêm à tona porque a situação está muito radicalizada, é preciso que seja apaziguada.”

Viagem ao Oriente Médio
Em sua tentativa de dar ao Brasil um papel de maior relevância no cenário internacional, Lula vai ao Oriente Médio nesta semana, para visitar Israel, Jordânia e a Cisjordânia.

Nos 30 minutos de entrevista à AP, Lula previu que um acordo sobre redução de gases do efeito estufa será alcançado na Conferência das Nações Unidas marcada para Cancun, no México, em dezembro. A declaração contrasta com afirmações do chefe de mudanças climáticas da União Europeia, que não acredita ser possível se chegar a um acordo antes de 2011.

“Estou trabalhando com o pressuposto de que podemos concluir um acordo definitivo sobre o clima no México, com cada nação assumindo suas responsabilidades e cumprindo suas obrigações, e que nós vamos viver com mais segurança no futuro”, afirmou Lula.

Dilma
Ele disse ainda que a pré-candidato do PT a sua sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, está preparada para governar o Brasil, mesmo nunca tendo disputado um cargo eletivo. Dilma deve enfrentar o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), nas urnas, em outubro.

Aos 64 anos, Lula afirmou que se sente bem, após ter sofrido uma crise de pressão alta que o obrigou a passar uma noite no hospital e a cancelar sua ida ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, em janeiro. O presidente revelou ainda que, após 50 anos de tabagismo, já está há 40 dias sem fumar. “Estou sem fumar há 40 dias e estou me sentindo melhor.”

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