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terça-feira, 27 de abril de 2010

Hipertensão: elas já são maioria nas estatísticas

O fardo de serem mais obesas e sedentárias do que os homens também rendeu às mulheres brasileiras, inclusive as jovens, o ônus de serem mais hipertensas.



Foto: Osvaldo Afonso/Secom MG
Mutirão para avaliar a pressão da população de Belo Horizonte em outubro do ano passado
Dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde mostram que, em todas as faixas etárias, elas sofrem mais de pressão alta do que eles, aproximando o risco de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC) do universo feminino.

“Depois dos 50 anos, é comum a mulher ser mais hipertensa porque ela perde a proteção dos hormônios”, afirma o conselheiro da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Décio Mion. “O ineditismo dos novos dados é saber que mesmo as mais jovens lideram as estatísticas.”

Não só lideram, indicam os números, como no grupo etário entre 18 e 24 anos, o sexo feminino apresenta um índice quase duas vezes maior do o encontrado entre o masculino. Enquanto 5,1% deles têm hipertensão, entre elas o porcentual sobre para 9,7%. A vantagem é repetida na faixa entre 25 e 34 anos (11,8% deles e 15,4% delas), entre 35 e 44 (20,7% contra 21%) e 45 e 54 anos (30,5% contra 37,9%).

Para explicar o resultado encontrado os especialistas recorrem a outros rankings. A população feminina se alimenta pior e faz menos exercício do que a masculina. Lidera, da mesma forma, os gráficos de obesidade e sedentarismo, dois fatores que quando combinados são ideais para a pressão ficar acima dos “12 por 8” recomendados.

“A solução para mudar isso é uma mudança de comportamento. Manutenção do peso, padrão alimentar adequado e atividade física com regularidade são a chave para prevenir toda e qualquer doença crônica, inclusive a cardiovascular”, declarou o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao citar até o “sexo” como uma boa alternativa de exercício.

Ranking de hipertensas

Outro alerta trazido pelos novos dados veio com maiores índices de hipertensão feminina encontrados em áreas consideradas mais “desenvolvidas” no quesito socioeconômico. Entre as mulheres, mostram os dados tabulados pelo Delas, lideram o ranking da pressão alta as cariocas (32% de hipertensas), paulistas (30%), soteropolitanas (29,4%) e gaúchas (29,3%), nesta ordem. Na outra ponta da lista, estão Palmas e Boa Vista, com 14,1% e 15,4%, respectivamente.

Historicamente, a população de menor poder aquisitivo sempre liderou as estatísticas. O cardiologista Décio Mion, por exemplo, esperava que as capitais do Norte e Nordeste estivessem nos primeiros lugares. O ministro Temporão considera que o melhor acesso ao diagnóstico pode influenciar nos dados mas, mais uma vez, o peso em desacordo com a idade e tamanho e inatividade física foram apontados como grandes vilões do quadro.

“Nas grandes cidades e metrópoles, além da obesidade e do sedentarismo, há o consumo de muitos produtos industrializados, que têm um alto teor de sódio, ideais para o desenvolvimento de hipertensão”, explicou o cardiologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, José Marcos de Gois

Coração em risco

Ao lado do cigarro, a pressão alta é um perigo para o coração. Levantamento feito com 64.587 mulheres atendidas em São Paulo mostrou que 29,11% apresentam alto risco de ter uma doença cardíaca e 28,23% um risco moderado. A hipertensão é o motivo principal para elas entrarem nesta categoria.

O médico Gois explica que, de forma direta, a pressão arterial descontrolada afeta três órgãos principais. O cérebro – e já está comprovado que os casos de AVC em mais novas está em ascensão nas mulheres jovens. Os rins – da mesma forma que o cérebro, pesquisas indicam crescimento de doença renal. E, por fim, o coração. “A hipertensão é silenciosa. Durante anos, o coração bombeia sangue e encontra resistência por causa da pressão alta. O músculo cardíaco, então, aumenta de tamanho, o que resulta em uma insuficiência cardíaca grave, algumas vezes irreversível.”

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